sexta-feira, 10 de julho de 2009

Oceano de Mim




A terra em si não faz ruídos?
Ora, nem na mais profunda quietude
A ausência de vidas impede o grito do mundo
Quer sentir?

As portas se fecharam estrondosamente
E o frio lá fora zuniu nórdico
A natureza é genitora de toda a perfeição
Repenicando contra minha própria natureza.


Vejo o marasmo decadente dos vadios encardidos
Além de um emaranhado de fios no seu desce-e-sobe
Pencas de astros desabrocham do infinito iluminado
Acentuando a sofreguidão da lua uivante.
Oh, Deus, tudo isso é o inferno do paraíso?
Pois não vejo senão o vácuo dessa imensidão
Um vazio solitário dessa angústia ansiosa
Da cruel incerteza fazendo cambalhotas no ar.


Esse mar profundo e gélido em seu desatino
Possui meus fantasmas escaveirados vagando dentro de mim
Quantos mistérios meus estão ali habitados?
Pois estão submersos nesse oceano de dúvidas
Que eu tanto bebo como quem tem sede
No mais, sou insaciável, sou gigante, devoradora
De todos os meus pensamentos medíocres flutuantes
Com os sonhos mergulhados vindo à tona esverdeantes.


Vejo a vida lá fora enfadonha atirando os raios da dor
Com as costas esguias viradas para mim com enojo
As portas permanecem cerradas com os seus segredos
E as almas penadas produzem os ventos devassadores
Através do frio palpitante no peito esbaforido e saliente
É possível afinal desvendar o esconderijo do silêncio?
Algumas descobertas podem causar a grande desgraça humana
E eu, um mar habitado no enigma do meu ser.

Dani R.F.

17-11-06

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