Um vulto sai do nada
É a figura de um bêbado
Vestido como maltrapilho
Escuro em sua imundície.
O odor alastra por onde passa
O cheiro desagrada os cachorros
Como uma carniça viva
Que está pronta para o abate
Seu andar tortuoso
E os olhos que se embaraçam
Buscam a linha reta
Que se desequilibra e engana
Com as mãos, busca o apoio
Tocando no vazio
O bêbado cai anestesiado
E com dificuldade, levanta-se.
Continua em passos tortos
Para lá e para cá
Abanando as mãos
Abandonado no meio da rua
De repente, a ladeira
Atraente, mas traiçoeira,
Ela convida-o a subir devagar:
“Venha alcançar o céu, querido.”
O bêbado baba de felicidade
Seu hálito etílico vira perfume
A ladeira estende suas mãos
Para o destino do indigente
Ele sobe, sorrindo
Ao levantar suas mãos
O bêbado desapoia da parede
E cai no chão, desacordado.
Com a cabeça no chão
O sangue escorre fresco
A noite encobre-o com seu frio
E no meio da rua, ele morre.
Dani R.F.
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