sábado, 18 de setembro de 2010

De olhos bem fechados


- Por eu ser uma mulher bonita... a única razão pela qual os homens querem falar comigo é porque querem me comer. É isso que você está dizendo?
- Bem, eu acho que a resposta não é tão simples assim, mas imagino que ambos sabemos como os homens são.
(...)
- Milhões de anos de evolução, certo? Os homens precisam enfiar o deles em tudo quanto é lugar, mas, para as mulheres, só o que importa é a segurança, o compromisso e sei lá que porra mais!
- Você simplificou bastante, Alice, mas é mais ou menos isso, sim.
- Se vocês, homens, soubessem...
(...)
- Mas você não é ciumento, certo?
- Não, não sou!
- Nunca sentiu ciúme de mim, certo?
- Não, nunca.
- E por que nunca sentiu ciúme de mim?!
- Bem, não sei Alice! Talvez por você ser minha esposa. Talvez por você ser mãe da minha filha e porque sei que você nunca me trairia.
- Você é muito, muito autoconfiante, não é?
- Não. Eu confio em você.
[Alice tem uma crise de risos]
- Você... se lembra do verão passado? (...) Bem..., eu já o tinha visto (o capitão) naquela manhã, no saguão. Ele estava chegando ao hotel e estava seguindo o mensageiro que levava a bagagem até o elevador. Ele olhou para mim de relance ao passar. Foi só um olhar. Nada mais. Mas eu mal consegui me mexer. Naquela tarde Helena foi ao cinema com uma amiga e eu fiz amor com você. Nós fizemos planos sobre o nosso futuro e falamos de Helena. Mesmo assim, em nenhum momento eu deixei de pensar nele. E pensei que, se ele me quisesse, mesmo que fosse só por uma noite, eu estaria pronta a abandonar tudo. Você, Helena, todo o meu futuro. Tudo. No entanto, foi estranho, porque ao mesmo tempo você foi mais precioso para mim do que nunca. E, naquele momento, o meu amor por você era ao mesmo tempo terno e triste. Eu mal dormi naquela noite e acordei em pânico na manhã seguinte. Não sabia se tinha medo de que ele tivesse partido ou de que ele ainda estivesse lá. Mas, no jantar, percebi que ele tinha ido embora e fiquei aliviada.

De olhos bem fechados - Stanley Kubrick

6 comentários:

  1. Eu ia comentar o quanto eu acho esse filme foda e ia começar a falar de tudo, mas logo percebi que seria suspeito eu, fã declarado do Kubrick, falar sobre um filme do mesmo. Ainda mais sobre o último filme dele. Deixo aqui só minhas considerações. Não pude me ausentar de comentários! ;] Beijos.

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  2. O Kubrick tinha o mérito de enxergar qual nenhum outro cineasta, a dualidade da qual somos feitos. Impossível assistir seus filmes de forma impassiva, ao contrário, é desconfortante demais olhar-se de fora para dentro.

    Em tempo, obrigada pela visita e pelas palavras gentis. Na primeira oportunidade, vou me consagrar a leitura do seu espaço, por hora, me agrada.

    Bom final de semana,
    Nina.

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  3. Adorei o trecho que você escolheu do filme. Todo o trabalho da cena com a atuação dos atores e a câmera tensa de Kubrick tornam esse filme fantástico.

    Bjo.

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  4. Nossa, esse filme é 10! Sou suspeito para falar do Kubrick também !!!!

    Onde você conseguiu os dialogos do filme ?

    Parabéns pelo Blog !!!!

    Undergound Boy

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  5. Olá Boy.

    Eu copiei o trecho do filme mesmo, fui dando pause e copiando a legenda. Para mim, o ápice do filme, não poderia deixar de mencionar esse diálogo.

    Obrigada pela visita.

    Dani R.F.

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