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sexta-feira, 30 de abril de 2010
Ressaca
São tantas horas, oh céus!
Que vida breve, corriqueira
Ao som da gaita, viajo
Meu copo vazio degusta o vomito da ressaca
Sempre mais um pouco de melancolia
Escorrego nessa vadiagem
Com meus dedos que deslizam num piano imaginável
Componho essa banda que me anestesia
Ainda inebriada, ouço.
Quantas tragadas de vozes graves, desarmônicas.
A flauta em puro pó espera dormente
São ritmos confusos, incompreensíveis
Fatigada das noites
Exilo-me do meu próprio lugarejo
Na pausa descompassada, movimento-me
Um desejo se desfalece e ressuscita antes do fim da noite
Em meio a rebuliços, meus pés se locomovem
O corpo hesita, mas dança por chãos movediços.
Ainda espero o copo, sem o vômito,
antes de hidratar meu paladar embebedado.
Dani R.F.
Pintura de Edward Munch
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De uma incrível poesia. Há elementos aí, neste poema, que me fazem pensar. Eu caberia nessa situação, se eu bebesse.
ResponderExcluirSão nesses momentos que eu queria passear pela mente de quem escreve, e realmente entender cada sensação em face de poesia.
Oi Dani. Muito obrigada pelas belas palavras manchadas no meu blog, gostei muito. A sua poesia é intensa, embriaga-nos dela mesma. Grande beijo. Vou te acompanhar sempre rs. :)
ResponderExcluirum vinho, um sábado e umas poesias do velho buk
ResponderExcluiro poema ficou intenso e ótimo!
Eu não conseguiria escrever um poema tão elegante sobre ressacas. Só cuspiria desaforos e me dobraria ao arrependimento por torturar meu fígado. Mas suas palavras enobrecem o estado deprimente do pós-bebedeira. Bom.
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