quinta-feira, 3 de junho de 2010

A procissão


Um murmúrio vindo de longe ressoa pelo alto-falante
Ainda indistinguível, mas já anuncia a morte.
Homens e mulheres lamentam-se como de costume
E adornam suas casas com uma manta roxa e branca

A procissão aproxima-se melancólica e vagarosamente
Seus seguidores unem-se para chorar a morte de Cristo
O corpo santo segue em frente, venerado por seus fiéis
Maria, mãe de Jesus, em lamúrias, quase se desfalece.

As velas acesas, o incenso, o aroma das flores noturnas
O vento que abraça a multidão e ameaça as luzes
Uma canção lúgubre cantadas por milhares de vozes
Acompanha o séquito sagrado de sexta-feira santa.

Vejo a procissão interminável, caminhando sorumbática
Os semblantes graves, mal iluminados pela vela
As vozes que arranjam a musica com tal imperfeição
Que chega a ferir a imponência do culto religioso.

Companheiro, não sinto outra coisa além da compaixão.
Bem posso sentir o cheiro forte da terra...
Todos aqueles que ali caminham desconhecem
O triste fim que por eles, espera.

Dani R. F.
* Escrito na Semana Santa (2010)

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