segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Casamento

Há dois cômodos brancos na casa
Que separam duas vidas incomuns
e se fazem presente na estranheza do convívio relutante.

No café, a amargura do gosto quente
Mistura-se com o mau hálito do álcool da véspera
Entre um sussurro e um grito
O ódio queima as vísceras do inimigo.

À tarde, a cópula ainda indesejada
Causa violência estomacal.
O outro fica a observar como bicho faminto
As unhas vermelhas que tocam a vulva.

Sem palavras e muitos ressentimentos,
Impregnado de imagens eróticas
O casal se sacia com a masturbação
E se vê obrigado a partilhar o alimento.


Dani R.F.

3 comentários:

  1. Éeee, você não está fraca... esse é um daqueles socos no estômago que a gente gosta ou, se não gosta, precisa levar. Um belo poema.

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  2. tirei férias! hehe. Inspiração não eh algo que acontece o tempo todo... pelo menos para mim

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